sábado, setembro 29, 2012

Mergulhemos

Quem disse que debruçarmo-nos sobre o papel
empunhando uma caneta
implica uma torrente de palavras
e de boa letra?
A maioria das combinações que tenho na frente
dava para encher uma estrumeira.
Mas se, porventura, pé ante pé,
pelas minhas costas,
de mim te acercasses e,
junto ao meu ouvido,
gentil e lento, soprasses
"Observa como são bonitas
as árvores",
se todos estes "ésses" sibilasses,
rebentaria em flor
ramos, vocábulos e mármores

Nos tempos silenciosos
com pouca feitiçaria e destreza,
penso tanto em ti
como na geração e na corrupção
como a água corre no rio.

Os meus ouvidos atentos
aguardam pelos teus silenciosos passos.

sábado, setembro 22, 2012

Tom

Mestre de cerimónias de plateias devotadas,
chegou com a trupe e os trapézios
mulheres suficientes para um triénio
música nas omoplatas
sapatos pretos bicudos
álcool e poeira mágica.
Num dos olhos trazia fogo
noutro água.

Em ambos vi o meu reflexo
e uma casa retorcida vazia

domingo, setembro 16, 2012

segunda-feira, setembro 03, 2012

Inês

O meu coração segue as contracções
de cada músculo teu.
Gostaria de fundir-me contigo,
saudade de quando éramos um corpo só.
Mas estamos obrigadas pela geração.