Adio a hora a que me deito
e já hibernas.
Antecipo o tempo de
moldares ao meu ventre os teus joelhos,
assentares nas minhas coxas
os teus pés pequenos e cálidos,
pousares-me nas faces as tuas mãos desenhadas
pela Josefa Ayala,
expirares sobre a minha boca
o teu hálito sem molares
suspirar-te a adoração que te tenho.
Prolongo a saudade só para ter mais dela
e menos horas até à alvorada
e assim ter de retardá-la.
Penso:
o teu pai sofre mais
porque nem o gato ronrona quando não estás.
Concluo:
não tenho gato.
Então enfrento a repulsa ao sono
que nos repara e alenta separadas
em terras com geografia plástica
deitadas sobre o mesmo lençol.
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