sábado, setembro 29, 2012

Mergulhemos

Quem disse que debruçarmo-nos sobre o papel
empunhando uma caneta
implica uma torrente de palavras
e de boa letra?
A maioria das combinações que tenho na frente
dava para encher uma estrumeira.
Mas se, porventura, pé ante pé,
pelas minhas costas,
de mim te acercasses e,
junto ao meu ouvido,
gentil e lento, soprasses
"Observa como são bonitas
as árvores",
se todos estes "ésses" sibilasses,
rebentaria em flor
ramos, vocábulos e mármores

Nos tempos silenciosos
com pouca feitiçaria e destreza,
penso tanto em ti
como na geração e na corrupção
como a água corre no rio.

Os meus ouvidos atentos
aguardam pelos teus silenciosos passos.

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