A minha mama nada na tua mão,
o meu abdómen queima,
as minhas mãos encharcam a sumaúma,
as fibras que, apertadas, pingavam
agora escorrem um lençol de água.
Cada milímetro da tua pele odeia-me,
cada pêlo meu toca-te como se fosse eu inteira.
Rasga estas páginas e amachuca-as,
esvazia a garrafa até ao fundo,
sorve o cigarro até à queimadura.
Dança.
sexta-feira, janeiro 18, 2013
quinta-feira, janeiro 17, 2013
cardápio
Se homem ou mulher
é muito mais do que se deve revelar.
Seja qual for a resposta,
o mais provável é ser falsa.
Trapézio que balança rápido
ouriço de barriga tenra e picos inúteis
copo de vinho tinto limpo
pincel de marta
malha de pura lã virgem
aguardente velha
bife do lombo cru
poema norte-americano
prosa nipónica
corpo estirado sobre a mesa
marquesa
cerveja irlandesa preta
ovo estrelado
noutros tempos, cigarros
lápis fanado no Ikea
blocos de papel com boa gramagem
domingo, janeiro 13, 2013
Branca
Partes com a lua
e deixas-me como ela
- nova, escondida,
sugando uma sombra autofágica
tremenda e irresistível -
interferindo com marés
boicotando partos
Também eu estou prenhe
- apenas oculto o ventre
e deixas-me como ela
- nova, escondida,
sugando uma sombra autofágica
tremenda e irresistível -
interferindo com marés
boicotando partos
Também eu estou prenhe
- apenas oculto o ventre
sexta-feira, janeiro 11, 2013
Enciclopédia
O meu amor é a enciclopédia autista
que atravanca aquela prateleira,
desactualizada e desusada
só por ser enciclopédia
Aqui não há mais espaço,
só tempo. E daquele que é lento.
que atravanca aquela prateleira,
desactualizada e desusada
só por ser enciclopédia
Aqui não há mais espaço,
só tempo. E daquele que é lento.
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