Quando quero desmanchar um nó cego
desembainho um bloco imaculado e desvirgino-o.
Mas o melhor pente que possuo
é viver na casa que era tua.
Lá
deixaste um ar mais informado
talhado para a poesis.
As pontas dos meus dedos tornam-se instrumentos cirúrgicos
que amaciam e desembaraçam os mais emaranhados novelos de cabelo
- isto é, escrevo.
Mas ultimamente surpreendo-me
em busca das flores do teu terraço
que não estão onde moro.
Em sobressalto penso:
tenho de aliciar-te ao teu lar de antanho
convidar-te a passear sobre a velha tábua corrida
que acusa a ausência do teu passo,
das tuas plantas de carne e osso,
e por aqui exales um vapor de água teu oriundo que,
queira o Verbo,
retemperará estes ares
geradores de prestidigitadores.
Para a A. e o J-P.
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