quinta-feira, abril 14, 2005

Odisseus

Até quando
a condição de apátrida
o vaguear de quem quer mas não consegue
de quem conseguiria mas não quer
criar raízes

no recato
abundar  procriar

Para quê cheirar cada torrão de terra
(a)palpar pedras e rochas
- porquê picar-me na agulha da roca?

Talvez inveje
as coisa sedentárias
toda essa comunidade

inerte que me espera e serve
sem revolta ou querer.
Nessa sua sonolência,
não me deixa dormir,
indiferente à minha vigilância.

10 comentários:

Daniel Aladiah disse...

Querida Catarina
Um encadeamento de luxo, sempre enigmático como transparente... vivo hoje de paradoxos.
(eles andam aí...)
Um beijo
Daniel

Andre_Ferreira disse...

Eu acho que vou estar na condição de apátrida durante muito tempo. Assim o espero, pelo menos até naufragar ao largo da ilha Egégia ou que haja uma Ítaca em que me reencontre em memórias perdidas.
Beijos

P.S.- tem piada que hoje comecei a reler a Odisseia!

Andre_Ferreira disse...

Egégia=Ogígia
Beijos

MIN disse...

Porquê pensar no que me faz mal e não me deixa dormir? Porquê pensar em ti, se sei que não devia e racionalmente não quero? Escreves tão bem! A grande diferença entre o despejar palavras e ser o poeta!Como sempre, adorei!

Luis Duverge disse...

Conseguiste apanhar o momento em que estava a colocar o meu post. Aliás fiquei admirado porque tinha acabado de publicar (embora tenha publicado antes de forma errada) e já tinha 2 comentários.
Quanto à beleza posso dizer-te que sempre tive namoradas bonitas e ... continuo a ter :-). Quanto à água estás á vontade, não me digas que também praticas natação ?
Odisseus - gostas de ser nómada nos sentimentos ou na vida ?
Costumas apanhar boleia do vento que bate na tua janela e voas como eu ?
O que vês quando viajas da tua janela ?
Um beijo ...gostei muito do teu post e do teu comentário, bom fds.

SL disse...

Lindo poema! Sabes, aquelas palavras lá em casa são um desabafo para o que sente um amigo muito querido...às vezes sinto-me inutil perante o sofrimento dos que amo.
Jinhos

Canela disse...

Vim cá parar por acaso e voltarei em breve.

Anônimo disse...

"...Porquê e para quê
cheirar cada torrão de terra
(a)palpar cada pedra cada rocha
- porquê picar-me na agulha da roca?"

Porque para se apreciar a Vida, por vezes temos que nos picar na agulha da roca...


Abraço e bom fim de semana... :-)

Anônimo disse...

Gostei desse seu poema usando a imagem de Odisseu e Penelope.
Beijos

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

Mantém alerta os porquês na procura dos passos perdidos...


beijo