Até quando
a condição de apátrida
o vaguear de quem quer mas não consegue
de quem conseguiria mas não quer
criar raízes
no recato
abundar procriar
Para quê cheirar cada torrão de terra
(a)palpar pedras e rochas
- porquê picar-me na agulha da roca?
Talvez inveje
as coisa sedentárias
toda essa comunidade
inerte que me espera e serve
sem revolta ou querer.
Nessa sua sonolência,
não me deixa dormir,
indiferente à minha vigilância.
10 comentários:
Querida Catarina
Um encadeamento de luxo, sempre enigmático como transparente... vivo hoje de paradoxos.
(eles andam aí...)
Um beijo
Daniel
Eu acho que vou estar na condição de apátrida durante muito tempo. Assim o espero, pelo menos até naufragar ao largo da ilha Egégia ou que haja uma Ítaca em que me reencontre em memórias perdidas.
Beijos
P.S.- tem piada que hoje comecei a reler a Odisseia!
Egégia=Ogígia
Beijos
Porquê pensar no que me faz mal e não me deixa dormir? Porquê pensar em ti, se sei que não devia e racionalmente não quero? Escreves tão bem! A grande diferença entre o despejar palavras e ser o poeta!Como sempre, adorei!
Conseguiste apanhar o momento em que estava a colocar o meu post. Aliás fiquei admirado porque tinha acabado de publicar (embora tenha publicado antes de forma errada) e já tinha 2 comentários.
Quanto à beleza posso dizer-te que sempre tive namoradas bonitas e ... continuo a ter :-). Quanto à água estás á vontade, não me digas que também praticas natação ?
Odisseus - gostas de ser nómada nos sentimentos ou na vida ?
Costumas apanhar boleia do vento que bate na tua janela e voas como eu ?
O que vês quando viajas da tua janela ?
Um beijo ...gostei muito do teu post e do teu comentário, bom fds.
Lindo poema! Sabes, aquelas palavras lá em casa são um desabafo para o que sente um amigo muito querido...às vezes sinto-me inutil perante o sofrimento dos que amo.
Jinhos
Vim cá parar por acaso e voltarei em breve.
"...Porquê e para quê
cheirar cada torrão de terra
(a)palpar cada pedra cada rocha
- porquê picar-me na agulha da roca?"
Porque para se apreciar a Vida, por vezes temos que nos picar na agulha da roca...
Abraço e bom fim de semana... :-)
Gostei desse seu poema usando a imagem de Odisseu e Penelope.
Beijos
Mantém alerta os porquês na procura dos passos perdidos...
beijo
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